domingo, 28 de julho de 2013

Leis da Atração - Bônus 3

Leis da Atração

Capítulo Bônus — Sem limites

Narração Alice


Quando eu olhei para o irmão de Rosalie, Jasper, eu jurei que o conhecia de algum lugar.






Sua voz, seu jeito de olhar, um olhar intenso por sinal, e muito significativo. Ele pareceu alheio a minha volta, não tivera a mesma reação, mas eu acho que isso era bobagem de minha parte, eu devia estar confundindo-o com alguém.





Jajá e eu estávamos bem até, eu diria, era bom estar com ele, depois de tanto tempo sem relação amorosa alguma, não que estivéssemos juntos, mas só pelo fato de tê-lo ao meu lado já era de bom tamanho. Elijah me fazia bem.





Passara-se um mês desde aquele bendito jantar de boas vindas a Stefan e Jasper, que acabou virando para Elena também. Bella já estava indo trabalhar, Elena havia voltado para suas atividades, e minha filha estava no colégio.




Fiquei dentro de meu quarto o dia todo, avisei a Rosalie que eu não iria à boate. Algo estava me incomodando e eu precisaria de horas de silêncio na mais profunda solidão para poder ‘’achar’’ o meu problema.


— O que te incomoda, Alice? — Perguntei a mim mesma olhando-me no grande espelho de meu closet.


Abri algumas gavetas, eu não sabia o que procurava, apenas tive um ímpeto em abri-las.



Foi então que avistei um velho álbum ao fundo de uma delas. Ele era grande, antigo, branco, mas devido ao tempo já estava amarelado.



Sorri quando o abri e vi a primeira página.




‘’Amigas inseparáveis Alice e Tanya. ’’





Era triste lembrar-me de Tanya, e como as circunstâncias nos separaram, foram escolhas erradas que fizemos e que acarretou em uma consequência drástica. Não posso dizer que ter Mellanie foi ruim, na época assim que descobri que eu estava grávida, foi, claro, eu era apenas uma menina, uma menina que provara do mais amargo sabor da vida desde cedo. Tanya não tivera um fim muito bom, a morte a levou jovem demais. Roubando-lhe seus sonhos e anseios, colocando ponto final em uma história que só tinha começado.





Enquanto eu folheava aquele álbum, as memórias que ainda eram recentes em minha mente foram se materializando a tal ponto que eu pude visualizar minha vida de anos atrás, ali, em minhas mãos.





*Flashback On*




— Por que não faz um curso de DJ, amiga? — Perguntou-me Tanya, estávamos em meu quarto como de costume, tomando suco ‘’batizado’’ com vodca. Era o que mais fazíamos quando minha mãe não estava em casa. Tanya trazia a bebida que roubava da adega de sua casa. — Não é este seu sonho?


— Será que eu devo fazer? — Perguntei meio receosa. Era o meu sonho mesmo, eu amava esse universo de Dj’s, baladas, raves. Eu almejava ser uma DJ famosa não só em minha cidade, mas também no mundo.

— Aproveite né? Não é sempre que um DJ famoso vem dar curso em uma cidade tão pequena como esta. — Tanya fez careta.

Nós morávamos em Biloxi, uma cidadezinha do estado do Mississipi.

*Flashback Off*


Sorri ao ver a foto a qual eu tirei com o DJ que dera aquele curso que mudou minha vida de forma radical.



Tanya não quisera fazer, por mais que ela também amasse esse universo, optou por apenas me dar total apoio.



*Flashback On*



— Agora você é uma DJ oficial. — Disse ela com um sorriso.


— Enfim. — Nos abraçamos.

Éramos muito amigas, irmãs, compartilhávamos nossos mais terríveis segredos. O que seria de tão terrível assim para nós naquela época?

Tanya uma vez confessou que havia fumado maconha com seu namorado o loucão do Brad que usava compridos dreads, sua cara não negava, ali era um ‘’puxador de unzinho’’ de primeira.

Eu confessei que havia dado em cima do professor de natação do nosso colégio e que ele não resistiu as minhas investidas e nos pegamos no vestiário.

Tanya pareceu bestificada com aquilo. Nunca imaginaria que sua amiga que até então era recatada faria uma coisa desse tipo.


Nós tínhamos dezesseis anos, éramos como adolescentes comuns, minha amiga era um pouco mais rebelde. Eu era uma filha excelente, nunca dei trabalho para meus pais, nunca tirei uma nota baixa na escola. Ao contrário de Tanya.




Eu já havia tido minha primeira vez aos quinze anos com um ex-namorado que foi embora duas semanas depois do acontecido. Meu mundo simplesmente caiu, mas não demorou muito para a fossa passar e eu arrumar outro rápido, dessa vez o relacionamento durou mais tempo.





Fui proibida de tocar em baladas porque eu era menor de idade, aos dezesseis anos não se podia entrar. Meus pais que por incrível que pareça me deram total apoio, me emanciparam, e aos dezessete pude trabalhar como DJ.





Nunca me esqueci da minha primeira balada. Não fui bem recebida, taxaram-me de incompetente muito antes de eu começar, apenas Tanya me incentivava, se não fosse por ela eu já teria abandonado tudo. Fui vaiada assim que entrei e confesso que me bateu uma insegurança muito grande, era a minha primeira vez ali, e ninguém me apoiava, só porque eu era menor de idade.




Olhei para minha amiga, e pude ler em seus lábios:


‘’ Não se deixe abater, mostre o que sabe fazer e transforme essa vaia em aplausos’’.

Eu sorri em resposta, e coloquei meu set para tocar.

Fui aplaudida no fim, e a emoção tomou conta de mim. Desci e Tanya me recebeu de braços abertos. Ah, só para não ficar confuso, vocês devem estar se perguntando: Como Tanya entrava na boate com você? Ela também era emancipada? Não, a safada conseguia identidades falsas com o Brad doidão.



Eu sempre me encontrava com ela a noite na pracinha que ficava a duas quadras de minha casa. Tanya fumava livremente como se não tivesse medo de ser pega.





Ela me ofereceu maconha e não hesitei em prová-la. Por mais que eu tenha engasgado no começo, a sensação depois fora bem prazerosa.



Mal sabia eu que estava entrando em uma fria.


Eu fumava de vez em quando, não era sempre, e também fui ‘’apresentada’’ a cocaína, Tanya usava frequentemente, aparecia sempre com seus olhos avermelhados e o típico fungado de quem cheirava pó.




Quando fiz dezoito anos, eu já estava com certa experiência como DJ, até então eu nunca tinha tocado em uma rave.




A primeira aconteceu em um lugar afastado da nossa cidade, não tivera um grande número de pessoas, mas pude mostrar meu trabalho. Eu já era conhecida como DJ Mary B. não só em minha cidade, como também nas vizinhas, e também em alguns estados. Pois eu viajava muito.



Certa vez Tanya chegou eufórica em minha casa, depois de cumprimentar meus pais, ela subiu as escadas e foi até meu quarto. Quase gritou que havia conseguido me encaixar na lista de Dj’s em uma grande Rave que aconteceria no Brasil.



Meus pais não souberam disso.


— A rave é Line-up! (rave que tem duração de três dias) — Disse ela sorridente. — Vai ser em uma cidade chamada Salvador, no estado da Bahia. Não falamos português, mas daremos as caras, o que acha? — Vi expectativa em seu olhar.

— Preciso falar com meus pais.

— Não amiga, se contar a eles, não vão deixar e você vai perder a oportunidade de sua vida!

— Eu não sei Tanya, é um passo arriscado e o Brasil é muito longe!

— Distância não é problema! Eu chorei praticamente para te colocarem nessa lista, você não pode nem pensar em não ir. É sério, eu conheço algumas pessoas muito influentes neste ramo, você sabe. Isso pode mudar sua vida.

Ela acabou me convencendo. Aproveitei que meus pais tinham viajado para a casa de meus avós que ficava na fazenda, arrumei minhas coisas e partimos.

Tanya também não tinha comunicado seus pais.


Chegamos ao aeroporto de Salvador. Não sabíamos nada de português, mas uma pessoa nos esperava e ela era brasileira.



Nada de mordomias, não ficamos em hotéis luxuosos, nem em pousadas ou pensões, nós fomos direto a praia deserta e de ônibus.


— Tudo o que precisarem podem vir falar comigo. — Disse André, o brasileiro que nos auxiliava. Ele era DJ também.

Apenas assentimos.

Fiquei olhando pela janela a bela paisagem. O céu era incrivelmente azul, havia muitas palmeiras e outros tipos de árvores.

Descemos em um local onde havia muitas rochas de vários tamanhos.

O mar não ficava muito distante, dali já se podia sentir a maresia e o cantar dos pássaros.

Ah que sensação maravilhosa fora aquela. Olhei para o lado e vi Tanya fechar seus olhos e sorrir. Estávamos sentindo aquela brisa boa.

Então ela pegou de seu bolso um cigarro de maconha.

— Para combinar com o momento. — Disse matreira.

— Você não existe Tanya. — Falei pegando um também. — Quem te deu?

— André. — Ela sorriu. — Eu ia trazer umas paradinhas que Brad me deu, mas seriamos barradas no aeroporto com certeza.

— Você ainda tá vendo esse cara? Tinha dito que não o queria ver nem pintado de ouro e lá vem você falando dele.

— Eu o encontrei por acaso ué.

— Sei o seu ‘’acaso’’. — Fiz aspas com as mãos.

Ela me estendeu um saquinho com pequenos comprimidos coloridos.

— Já quer ‘’fritar’’? Espera ao menos o evento começar! — Rimos juntas.

— Estas são para você. O meu saquinho tá aqui. — Ela apontou para seu outro bolso.

— Você sabe que não costumo usar antes do set. Isso atrapalha meu desenvolvimento.

— Eu sei né amiga, não quero que tome antes de se apresentar, só depois quando estivermos curtindo os outros Dj’s. Vamos continuar fumando nosso baseado numa boa, relaxando e curtindo a vibe.

Sorrimos uma para outra, e logo em seguida nos jogamos no mar.

Sentamo-nos na areia, puxando um, e ficamos caladas, só ouvíamos o barulho das ondas, o gorjear dos pássaros, o vento que bagunçava nossos cabelos. Aquele momento era indescritível, perfeito, a paz que emanava daquele lugar, com Tanya ao meu lado.

Enfim a noite chegou. Tivemos que andar um pouco, alguns quilômetros a pé, até chegarmos ao evento.

*Flashback Off*


Aquela rave foi o ponto chave para minha vida mudar. Existiu uma Alice antes e depois desse acontecimento. Eu digo isso com todas as letras, tudo mudou desde então.



Vi uma foto nossa, minha e de Tanya. Estávamos abraçadas, sorrindo uma para outra. Eu sempre desconfiei de que ela fosse bissexual, o jeito que minha amiga me olhava não era somente de amiga se é que me entendem, pude constatar isso com mais exatidão em nossa última noite juntas.



*Flashback On*



— O povo daqui não tem comparação com os de lá! Aqui tem muito homem gostoso, MEU DEUS! — Disse ela toda eufórica.


Tive que concordar.

Nunca vi tanta gente em minha vida, como vi naquele lugar. E tinha pessoas de todos os tipos. Você via mãe com seus filhos bebês, crianças. Adolescentes, jovens, adultos, velhos. Era intrigante, ambiente delicioso.

André nos arrumou uma barraca, deixamos nossas coisas lá e fomos nos encontrar com o pessoal da organização.

Quando a noite caiu, os malabaristas e os cuspidores de fogo entraram. O pessoal que animava a galera. E o primeiro DJ.

Eu só me apresentaria na última noite.

— Amiga vamos cair na curtição! — Ela pegou em meu rosto com as duas mãos e me olhou intensamente nos olhos, e sorrimos uma para a outra. Nossos narizes se encostaram. Depois ela me puxou para o meio. E dançamos muito.

Tomamos balinha juntas, várias e várias, à medida que os efeitos passavam, nós tomávamos mais. O problema de Tanya era que ela nunca estava satisfeita, ela tinha que misturar as drogas. Ela inventou de cheirar pó, um cara passou por ela e ofereceu em troca de um beijo.

Ah e também ela bebia. Todo mundo sabe que não se podem misturar bebidas alcoólicas com drogas, mas Tanya se sentia a mulher maravilha quando estava chapada. Era um defeitinho dela.

Ela ficou doidona na primeira noite. Eu não costumava ficar assim, mas acompanhei seu ritmo e na segunda eu já não consegui.

Aquela fora uma noite muito intensa. Meu coração só faltou pular da boca. Minha visão já não era normal, aliás, eu estava anormal por completo. Duas doidas no meio de uma multidão de insanos. A maioria estava chapada.

A sensação do momento pode ser boa, mas quando tudo passa você tem que lutar para não se sentir deprimida. Não sei de onde tirei forças para não me tornar uma viciada, eu já não poderia dizer o mesmo de Tanya, era visível o quanto ela dependia daquilo, de estar entorpecida durante as vinte e quatro horas do dia.


Acordamos jogadas na areia, como duas indigentes. Rimos tanto uma da outra. Nossos pais deveriam estar surtando. Eu nunca tinha fugido de casa, fora a primeira vez, e digo mais, eu nunca teria feito isso se eu não tivesse conhecido Tanya.




Era evidente que ela exercia um grande poder de influência sobre mim, sempre ouvi isso, até mesmo na época do colégio. Mas eu me sentia bem ao seu lado, ela era minha amiga, e praticamente venerávamos uma a outra. Nossa amizade ia além dos padrões.





Durante o dia, nos alimentamos, depois fomos tomar banho no mar, trocamos de roupa, ajeitamos nossos cabelos. Havíamos feito dreads e faríamos uma tatuagem igual em nosso corpo.




Escolhemos o desenho de uma bússola. Fiz em meu peito esquerdo e ela no direito. Tanya que sugeriu o desenho e o local.


— Por que escolheu a bússola, amiga? — Perguntei curiosa.

— Porque representará um novo momento em nossas vidas. Você acha que depois que fomos embora as coisas vão continuar como estavam? Pois fique sabendo que não. — Ela sorriu. — Novos horizontes, amiga, estão por vim, eu sinto. E vamos viajar por esse mundão a fora, conhecer novas pessoas, e a bússola, irá nos guiar.


Tanya era uma pessoa maravilhosa, suas palavras sempre saíam com muita intensidade, entusiasmo e amor. Ela tinha amor à vida e isso eu não poderia negar.




Como na primeira noite, ela usou uma quantidade considerável de drogas, eu optei apenas pela velha maconha. Nem ecstasy eu tomei. Mas Tanya estava cada vez pior, ela não tinha limites e de certa forma, se eu fosse ao embalo dela, eu também não teria.





Separamo-nos por um breve momento. Eu não gostava de deixá-la só, principalmente quando ela estava naquele estado que só por Deus, mas eu não quis discutir.




Fiquei só, até que um rapaz chegou perto de mim. Mal nos conhecemos e já nos beijamos. Minha amiga chegou bem na hora, acompanhada por outro rapaz. Era incrível o mal gosto de Tanya, não querendo julgar, mas já julgando, ela só arrumava tranqueira.


— Quem é esse gato? — Ela arregalou os olhos para o meu acompanhante que estava agora conversando com o seu.

— Ele chegou agora, e tipo rolou.

— E vai ficar só nos beijinhos?

— Amiga você sabe que eu não sou assim. — Senti minhas bochechas esquentarem.

— Há uma primeira vez para tudo ué. — Ela sorriu maliciosa. — Inclusive, a gente podia fazer algo diferente essa noite o que acha?

— Tipo o que? — Eu tinha medo das ideias loucas dela.

— Vem aqui. — Ela me puxou pelo braço. — Rapazes nós já voltamos.

Tanya me levou até um local mais afastado da muvuca e falou:

— Podíamos nos juntar, sabe.

— Como assim?

— Nós quatro. — Ela riu.

— O que? — Quase gritei.

— Tô brincando amiga, relaxe.

— Suas brincadeiras tem sempre um fundinho de verdade.

— Isso é, mas não vou te forçar a nada.

— Por favor. — Rimos juntas dessa vez. — Por que me trouxe aqui?

— Estamos aqui para termos novas experiências também, certo?

— Certo, e...?

Ela se aproximou de meu rosto, e tirou uma mecha de cabelo que estava em meus olhos.

— Você é linda Alice. — Senti certo medo pelo tom de sua voz, saiu rouca.

— Er... Obrigada. — Agradeci meio desconcertada. Éramos amigas há anos, mas nunca tivemos esse contato íntimo e esses olhares intensos e significativos.

Seus dedos tocaram em meus lábios, e os contornaram.

Meu coração acelerava e eu não entendia o que estava acontecendo ali, entre mim e ela.

Fechei meus olhos e senti o hálito dela quente e tinha cheiro de maconha.

Seus lábios tocaram levemente os meus, mas eu não consegui me entregar ao beijo que viria a seguir.

— Desculpe-me amiga, eu não consigo.

— Não Alice, está tudo bem meu amor. Eu entendo perfeitamente viu? Não vou te forçar a nada, você sabe. Mas tenha em mente que sinto algo muito forte por você, e me sinto na obrigação de te proteger de tudo, eu nunca vou te abandonar, quero ficar velhinha e ainda ser sua amiga, independente se estivermos casadas ou não, será para sempre.

— Eu te amo Tanya, e muito.

— Eu também te amo, amiga, não sabe o quanto. — Nos abraçamos e ficamos assim por um bom tempo. Até que voltamos e os nossos acompanhantes estavam no mesmo lugar.

Nós dançamos muito mais do que na noite passada, nos entregamos ao ritmo da música de uma maneira louca e intensa.

— Vamos viver o hoje, porque o amanhã é incerto. — Dizia ela sorridente e de olhos fechados. — Então vamos dançar como nunca, como se o amanhã não existisse. — Continuou.


No dia seguinte andamos de barco. Somente nós duas. Depois nos jogamos no mar.



Era o último dia do festival, e a noite eu me apresentaria.



Durante a tarde teve um momento de meditação, era o que eu mais precisava, relaxar, pois eu estava nervosa por minha apresentação, eu não sabia qual seria a reação do público que não conhecia meu trabalho, e isso me fazia sofrer por antecipação.



A noite chegou, meu coração palpitava.


— Amiga, vai dar tudo certo, eu estarei o tempo todo torcendo por você e te mandando vibrações positivas ok? Você confia em mim?

— Confio. — Falei determinada.

— Eu confio em você, confia em si mesma?

— Confio.

— Então vai lá e arrasa!

O entusiasmo contido nessa frase me fez esquecer o medo e a insegurança. Subi até o local dos Dj’s e fui aplaudida como nunca.

Observei Tanya. Ela estava no meio, e só foi eu olhar para outra direção por alguns segundos que já não a encontrei mais. Fiquei preocupada, mas não deixaria que isso atrapalhasse meu desenvolvimento. Meu set tinha que bombar.

Mais uma vez fui aplaudida e me senti feliz e ao mesmo tempo triste por não estar vendo minha amiga.

Desci com rapidez e como eu a acharia no meio daquela multidão terrível?

Mas até que não foi tão difícil.

Eu a encontrei, seus olhos estavam esbugalhados e avermelhados, ela estava muito acesa e parecia mais drogada do que os outros dois dias.

— Amiga você arrasou! Foi perfeita, linda, gostosa. Nenhum DJ brilha mais do que você.

— Você viu até o fim?

— Mas é claro que sim! — Ela riu histérica. — Acha mesmo que eu ia perder a apresentação do meu amor?

Sorri para ela, mas franzi o cenho, ela estava realmente diferente.

— Amiga, encontrei um cara lindo! — Disse ela empolgada. — Venha, vou te apresentar a ele.

E mais uma vez ela me arrastou pela multidão.

Uma imagem meio turva, mas eu percebia que o cara era lindo, seus cabelos eram na altura da nuca e bem bagunçados, ele era alto e forte e tinha um sorriso malicioso.

Essas foram as principais coisas as quais me lembro, mas nada mais.

*Flashback Off*


Foi tudo muito rápido. Eu estava para lá de drogada, tomei balinha, fumei maconha, e Tanya como sempre dez mil vezes pior do que eu. O cara o qual eu não consigo lembrar nos levou até um local afastado, bem mais afastado do qual Tanya me levou.



Ela disse para me lembrar de que estávamos ali para desfrutar de novas experiências.


Apenas assenti, e eu não sabia para o que eu estava assentindo.


*Flashback On*



Estava escuro naquele local, só sei que fui puxada para o chão, e senti mãos firmes e masculinas arrancarem minhas poucas roupas.


Logo meus lábios foram invadidos por uma boca urgente. E quando ele me soltou olhei para o lado e vi Tanya sorrindo para mim.

— Não tenha medo, façamos hoje o que talvez não possa ser feito amanhã.

Ela sempre vinha com esses papos, por mais que fossem verdades, eram fúnebres a meu ver.

Ela me beijou, e eu deixei, não sei por que, mas deixei, e o rapaz beijou meu pescoço.

As sensações eram diversas, e ele me puxou para si.

Foi quando deixei me levar, abri o sutiã de Tanya tocando seus seios, ela já era mais atrevida e logo senti quando seus lábios foram descendo e sua língua explorava cada pedaço de meu corpo.

O rapaz, ele tomou meus lábios, era um misto de sensações, os lábios de Tanya em meus seios e os dele com avidez me beijavam.

Senti quando as mãos dela estavam invadindo minha região íntima, um misto de medo e ao mesmo tempo de curiosidade me tomou. Eu sentia a umidade chegando a meu corpo eu já não controlava a minha libido, meu corpo queria os dois.

O rapaz agora estava descendo sua boca quente em meu corpo, chegando agora em meu seio, e Tanya estava mais além, eu senti quando seus lábios chegaram ao meu ponto quente.

Deixei-me levar a sensação e o entorpecimento das drogas, se misturaram ao prazer, e logo eu senti que estava sendo invadida, não lembrando nem de nos prevenir, somente nos deixando levar pelo momento.

*Flashback Off*


Eu não sei qual o momento que Tanya saiu. Eu e o tal cara estávamos tão envolvidos que não demos contas de sua ausência.



Eu só fui saber quando o dia amanheceu. Quando eu a vi deitada em uma maca da enfermaria.


Tanya havia tido uma overdose e não conseguiu escapar. Ela estava morta.


As lágrimas caíam sobre o álbum à medida que eu ia passando as fotos e via minha amiga sorridente, ela tinha um espírito jovem contagiava a todos com seu amor, ela emanava força e conseguia passar para quem estava a sua volta.



Sobre aquela noite, eu nunca gostei dela do jeito que ela gostava de mim, eu não soube até o hoje o porquê a deixei que me beijasse, fora apenas um beijo, o resto eu fiz com o rapaz que nos acompanhava naquela noite.


Eu não o vi no dia seguinte, na verdade eu não me lembrava de seu rosto, de nada, apenas das sensações que tive que ele me fizera sentir.

Não sabia o que fazer, Tanya estava morta, e nossos pais não faziam ideia de onde estávamos.

O mais doloroso fora ter que contatar aos pais dela pelo telefone. Eles mandaram buscar seu corpo.

Eu nunca havia sentido uma dor tão dilacerante, foi como se eu tivesse perdido uma parte de mim, ou pior, como se um membro de meu corpo tivesse sido arrancado brutalmente.

Não, eu não estava exagerando, foi horrível, Tanya era minha irmã, eu a amava, a venerava, fazíamos tudo juntas. Mas ela escolheu aquele caminho que a levou para a morte. No fundo eu acho que sabia que terminaria assim, ela nunca falava sobre o amanhã, exceto quando se tratava do meu futuro como DJ famosa, e sobre envelhecermos juntas se caso o amanhã realmente chegasse, e ele não chegou, para ela.

Meus pais quase me mataram, fiquei de castigo por um ano, mas nesse meio tempo descobri que eu estava grávida.

A decepção de minha mãe fora imensa, mas assim que Mellanie nasceu tudo mudou.

Eu abandonei a vida de DJ, eu não queria nada que me lembrasse de Tanya, mas não consegui me manter afastada por muito tempo.

Fui para a cidade grande, entrei em Harvard, lutei, mesmo com minha filha pequena eu lutei com todas as minhas forças.

E com a ajuda do meu pai, me reergui, montei uma boate e cresceu e cresceu.

Tanya ficaria feliz se estivesse comigo, ela sentiria orgulho e se vangloriaria porque disse que isso aconteceria comigo, eu teria sucesso em minha vida, e realmente eu tenho.

Eu sofri muito para chegar aonde cheguei. Não aconselho a ninguém a provar do mundo das drogas, porque muitas pessoas não conseguem se livrar e acabam como minha amiga.

Eu contei algumas coisas a minha filha, e contarei mais quando ela estiver maior. Quero que minha vida e a vida de Tanya sirvam de lição para ela, e que Mell passe bem longe de tudo isso, desse mundo que só destrói.

Eu nunca mais usei droga desde quando voltei aos Estados Unidos com minha amiga morta.


Voltei a me olhar no espelho e toquei em minha tatuagem.



— Novos horizontes, amiga, você tinha razão. Eu queria que estivesse aqui. Sentiria orgulho de mim. — Uma lágrima escorreu por meu olho direito e a enxuguei.



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